Brechó reinventado

Impulsionado pela crise e pela opção por um consumo mais sustentável – em especial nos grupos mais jovens -, o comércio de roupas usadas teve crescimento relevante na última década e atraiu startups e grandes grupos, como o sueco H&M.

Hoje, ao lado dos brechós tradicionais, vemos empresas com logísticas sofisticadas e muito gerenciamento de dados movimentando infinitas peças de segunda mão, como é o caso da thredUp, a veterana Vestiaire Collective, criada em 2009, a The Real Real, focada em luxury goods, e a novata Vinokilo. E muitas outras mais.

Ainda há muito o que explorar neste segmento da indústria da moda, como sinalizam alguns movimentos. A Sellpy, que iniciou suas operações em 2014 e tem como acionista majoritário o H&M, acaba de anunciar que vai atender mais 20 países, somando-os aos quatro já existentes. No início de maio foi a vez da Vinted, e-commerce com sede na Lituânia, levantar 250 milhões de euros para expandir sua operação no continente europeu e além.

No Brasil, algumas iniciativas já navegam por esse fluxo como a Enjoei, Repassa, Etiqueta Única e Dress&Go.

Vai crescer mais

Uma análise do Boston Consulting Group em parceria com a Vestiaire Collective estima que o nicho de roupas de segunda mão representa apenas 2% do volume total de negócios da indústria de moda no mundo, ou seja, cerca de US$ 40 bilhões. Mas, a perspectiva de crescimento nos próximos cinco anos é de 15% a 20% ao ano, sendo que para alguns esta expansão pode ultrapassar os 100%.

Segunda mão vai conquistar mais consumidores e espaço em seus guarda-roupas, segundo análise do BCG em parceria com Vestiaire Collective

O estudo, realizado em meados de 2020, consultou 7 mil consumidores em seis países e levantou os principais gatilhos de compra: preço/poder de compra ( adquirir itens por um valor menor ao de um novo ), oferta ampla ( ter à disposição uma grande seleção de peças ), exclusividade ( poder encontrar peças para compor um estilo único ) e, por fim mas não menos importante, consciência ambiental ( sentir-se alinhado a valores pessoais ).

Recompra, revenda, reúso

A ampliação do comércio de roupas usadas pode ser vista tanto como ação e reação à busca da indústria da moda por soluções que mitiguem o seu passivo ambiental, visto que é responsável por 10% das emissões de gás carbônico do planeta e é a segunda maior consumidora de água.

Com recursos naturais cada vez mais escassos e uma cobrança crescente dos consumidores, em especial os GenZers, por ética e processos e produtos mais limpos e com menor impacto ambiental, o setor vai caminhando, aos poucos, em direção a uma economia circular, cujas premissas principais são evitar o consumo de matérias-primas novas, prolongar o ciclo de vida do produto ou transformá-lo em um novo item.

Centro de logística da thredUp

Com isso, o a dinâmica do fast fashion passa a ficar cada vez mais débil enquanto o comércio de segunda mão se fortalece e cresce. O que não deixa de ser bem positivo.

Resta ver se o consumismo, alimentado anos seguidos pelo fast fashion, não passará também a ser sustentado pelas plataformas de segunda mão, já que um dos principais claims utilizados na comunicação destas empresas é o de comprar “sem culpa” de gerar mais lixo e aumentar a pegada ecológica. A conferir!

* Tem alguma opinião sobre esse assunto? Compartilhe nos comentários! 😉

Um comentário sobre “Brechó reinventado

  1. Muito legal o artigo! Compro direto no ThredUp aqui nos EUA. É prático, rápido e o melhor é que você acha coisas bacanas e bem diferentes por um preço mais baixo, realmente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *